Elevação generalizada de preços assusta profissionais da indústria de refrigeração e ar condicionado
Da noite para o dia, o preço de uma botija de R-410A vendida na loja virtual de um distribuidor por R$ 1.057,88 saltou para R$ 2.813,62, uma alta de quase 166%. Esse é apenas um exemplo dos reajustes generalizados e históricos que vêm ocorrendo no segmento nos últimos dias.
Para analistas, a situação é reflexo momentâneo de diversos fatores econômicos, entre os quais a escassez de matéria-prima na China, o que tem pressionado os preços do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22 e dos hidrofluorcarbonos (HFCs) R-134a, R-404A e R-410A desde o ano passado.
Aliás, a falta de matérias-primas no país asiático, maior produtor mundial de fluidos refrigerantes, está impactando diversos setores da economia global, como as indústrias de aço, alumínio e cobre.
A causa disso é a desaceleração da produção de commodities durante o primeiro ano da pandemia de covid-19, lembram os analistas.
Assim como os metais, fluido refrigerante é uma commodity. Como tal, seu preço está sujeito a oscilações periódicas. No cenário atual, as variações têm sido diárias e, no caso brasileiro, o câmbio tem peso relevante no preço final do produto.
Gargalos na capacidade de transporte também agravam a crise mundial das commodities – surtos de covid-19 e adversidades climáticas em regiões portuárias, falta de contêineres e disparada do custo do frete marítimo têm atrasado embarques.
Com a pandemia, a indústria naval se reestruturou para enfrentar a redução do tráfego de mercadorias em nível global. Agora, com o restabelecimento dos mercados e o rápido aumento da demanda por navios e contêineres para transportar mercadorias, os transportadores não conseguem aumentar suas frotas na mesma velocidade, conforme avaliam especialistas.
“O custo do frete subiu mais de 500% nos últimos 15 meses”, exemplifica o diretor de comunicação da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Paulo Neulaender.
Devido à crise econômica provocada pela pandemia, o Brasil diminuiu suas importações de compostos halogenados no ano passado. “Usamos muito nosso estoque local”, diz o empresário.
“A partir de junho, porém, o mercado voltou a se aquecer, e isso resultou no aumento do consumo de fluidos refrigerantes”, acrescenta.
A demora dos EUA em ratificar a Emenda de Kigali também contribui para inflacionar os preços dos HFCs, uma vez que os distribuidores locais aumentaram consideravelmente suas importações da China nos últimos meses, a fim de ampliar seus estoques antes da implementação de políticas de redução gradual da produção e do consumo dessas substâncias, conforme previsto no pacto climático já ratificado por mais de 120 países.
“Devemos continuar sofrendo com essa questão dos fluidos refrigerantes até janeiro do ano que vem. E não somente em relação a fluidos. Também estamos percebendo falta de outros insumos para a manutenção do HVAC-R.”
Neulaender salienta que, diante desse cenário, “o profissional do setor deve se manter antenado com os custos financeiros para não perder dinheiro em suas vendas ou prestação de serviço”, lembrando que “2022 é um ano eleitoral e vamos, provavelmente, continuar tendo instabilidades no Brasil”.
Fonte: Blog do Frio